Do alto da Lotte World Tower, o edifício mais alto de Seul, o que se vê é uma névoa cinza que não se dispersa ao longo do dia.
Muitos locais culpam os vizinhos chineses pela poluição. Outros atribuem o smog a fenômenos climáticos que trazem partículas de poeira. Em um ambiente assim, que tal um carro que limpa o ar por onde passa? O “aspirador” em questão já está à venda na Coreia do Sul: é o Hyundai Nexo, um utilitário elétrico alimentado por células a combustível.
O princípio das células de combustível (também chamadas de pilhas a combustível) é semelhante ao das baterias comuns: produzir eletricidade a partir de substâncias que reagem quimicamente entre si. Como em uma bateria convencional, há anodos, catodos e eletrólitos. A maior diferença é que as células de combustível podem ser continuamente carregadas com um agente redutor (combustível, no caso o hidrogênio) e um agente oxidante (comburente, o ar).
Pare em um posto por não mais do que cinco minutos, encha os tanques com hidrogênio, e você terá energia para rodar por longas distâncias em seu carro com motor elétrico. O veículo é silencioso e não polui nada: seu único “resíduo” é vapor de água.
Desde a década de 70 fala-se em automóveis movidos por pilhas de combustível. Muitos protótipos foram feitos, mas só nos últimos cinco anos é que esses modelos tornaram-se práticos o suficiente para serem comercializados, ainda que de forma restrita, já que o preço das células ainda é alto e a rede de postos de hidrogênio apenas começa a existir em países como Japão, China, Coreia do Sul, Alemanha e EUA (na Califórnia, para ser exato).
Hoje existem três modelos fuel cell à venda no mundo: o Toyota Mirai, o Honda Clarity e o Hyundai Nexo. Há, ainda, o Mercedes F-Cell, mas este é oferecido apenas em sistema de leasing e em quantidades diminutas. Segundo Sooil Jeon, um conjunto com pacote de células de combustível, tanques de hidrogênio e bateria de alta voltagem tem um custo de US$ 7.200 por carro — o que não é tão diferente do valor de uma bateria de íon-lítio gigante para os carros elétricos convencionais.
O Nexo é feito sobre uma plataforma desenvolvida exclusivamente para carros fuel cell . Mesmo vendido a salgados US$ 70 mil (com estímulos fiscais esse preço cai para US$ 35 mil, em Seul), cada unidade dá prejuízo à empresa. Mas é um investimento no futuro.
— O carro é feito em uma fábrica especial e ainda não é economicamente vantajoso. Mas calculamos que vender carros com pilhas a combustível se tornará lucrativo a partir de 2025, sem depender de subsídios — afirma o diretor. Sendo uma das primeiras a dominar o assunto, a Hyundai poderá fornecer tecnologia para outras marcas. Já tem, por exemplo, um acordo com a Audi. A Hyundai promete fazer 40 mil veículos fuel cell já no ano que vem. A produção incluirá ônibus e caminhões. Serão 700 mil unidades até 2030.
Hoje há apenas 40 postos de hidrogênio na Coreia do Sul. O governo anunciou que serão 300 em 2022. Apesar de existir em quase toda a natureza, o hidrogênio hoje é obtido, em geral, a partir do gás natural, gerando emissões. Há variados estudos para processos mais limpos, que incluem até a eletrólise da água do mar.
Graças a seus filtros e a um umidificador, o Nexo remove 99,9% de material particulado fino (PM2.5) por onde passa. Misto de poeira e fuligem da queima incompleta do diesel, esse tipo de poluição provoca pneumonia e asma nas crianças, além de problemas no coração de adultos.
A cada hora no tráfego, um Nexo deixa 29,7kg de ar purificado. Quilos de ar? Para dar uma dimensão, é quantidade de ar que 42 adultos respirariam em uma hora... A Hyundai estima que pôr 10 mil desses carros no trânsito equivaleria a plantar 600 mil árvores. E 100 mil carros movidos a pilha de hidrogênio, funcionando por duas horas, purificariam o ar para a população inteira de Seul (9 milhões de habitantes) por uma hora.
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Postagem: Hyundai movido a células de combustível custa US$ 70 mil
Publicado no Verdesobrerodas
Por Jornal O Globo conteúdo
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