A partir de 2014, o luxuoso BMW X5 usado pelo presidente da filial brasileira da alemã BMW, o carioca Jörg Henning Dornbusch, sairá com menos frequência da garagem de sua casa, em São Paulo. Henning, como é mais conhecido, planeja usá-lo apenas durante os finais de semana. Para o percurso diário entre sua residência e o escritório da montadora, no bairro do Morumbi, ele pretende substituir o imponente utilitário esportivo pelo veículo compacto elétrico i3, fabricado pela BMW.
Com o modelo, além de economizar combustível, o executivo espera se deslocar com mais agilidade pelo trânsito da capital paulista – ainda mais às 8 horas da manhã, horário de pico e no qual começa seu expediente na empresa.
É justamente para atender motoristas com necessidades semelhantes às suas que ele trará para o Brasil a divisão BMW i de carros elétricos e híbridos. “O mercado mundial dessa categoria representará 10% das vendas de automóveis daqui a dez anos”, diz Henning. Foi a partir dessa premissa que a montadora alemã criou a BMW i em 2011. Seu objetivo é desenvolver veículos sustentáveis, baseados na necessidade das grandes metrópoles. Seus carros serão vendidos em 40 países.
No próximo ano, estarão disponíveis nos mercados americano, europeu e japonês. A expectativa da companhia é vender 40 mil carros anualmente no mundo. No Brasil, o i3 chegará em 2014. A BMW trará também o esportivo híbrido i8 em 2015. Os dois carros foram desenvolvidos com materiais leves e ecológicos.
A autonomia do elétrico i3 é de 160 quilômetros e sua recarga leva cerca de seis horas. Já o esportivo híbrido i8, que tem 223 cv de potência, chega a fazer 33 quilômetros por litro. O preço do i3 ainda não está definido. De acordo com Henning, ele deve ficar próximo aos valores dos carros BMW com motores a gasolina. Assim é possível estimar que o modelo custará na faixa de R$ 230 mil. “Será um automóvel atraente para nosso atual consumidor”, afirma Henning.
O executivo estima que, no primeiro ano, comercializará cerca de 150 unidades no mercado nacional. “O número parece irrisório comparado a modelos convencionais, mas é muito agressivo comparando-se a outros veículos elétricos”, afirma Ronaldo Mazará Jr., diretor do Comitê de Veículos Elétricos e Híbridos da SAE Brasil.
Para pilotar o projeto, Henning escalou dois executivos de sua confiança. José Setimo Spini acumulará o cargo de diretor de pós-venda da BMW com o de diretor-geral da BMW i. Além disso, Carlos Côrtes, que atuava como coordenador de vendas corporativas, passará a ser o gerente de marketing e vendas da marca de carros elétricos.
Inicialmente, o modelo deverá ser oferecido apenas em São Paulo e Rio de Janeiro, devendo ser estendido para outras capitais. Outro projeto dado como certo pelo mercado, mas ainda não confirmado pela BMW, é a construção de sua primeira fábrica no País, na cidade de Araquari, a 25 quilômetros de Joinvile (SC).
A adoção de veículos elétricos no Brasil sempre esbarrou na estrutura urbana para a recarga dos carros, na falta de incentivos tributários e nos altos preços cobrados. Estima-se que menos de 100 desses modelos estejam rodando no País.
Por aqui, essa tecnologia desembarcou apenas em 2007, com o início da produção do Fiat Palio Weekend Elétrico, para empresas de eletricidade parceiras do projeto. A Nissan, que produz o elétrico Leaf, fez recentemente um acordo com a Prefeitura de São Paulo e com a AES Eletropaulo, para colocar dez táxis nas ruas paulistanas até o final deste ano. Atualmente, a Mitsubishi é a única a oferecer no varejo um modelo, o compacto i-Miev, que custa cerca de R$ 250 mil. A montadora alega que o preço salgado se deve à alta tributação.
Fonte: InterJornal